sábado, 26 de janeiro de 2013

Famílias despejadas ainda sem soluções de realojamento

Moradores contestam a solução
que a Câmara apresentou

À terceira tentativa, a Câmara de Vila Franca de Xira concretizou, hoje, uma acção administrativa de despejo de três famílias que ainda residiam no Bloco B Lote 1 da Urbanização de Santo Amaro, na encosta do Monte Gordo. As 14 pessoas que ainda viviam no prédio não resistiram à iniciativa desenvolvida, a partir das 9h00, por cerca de uma dezena de funcionários camarários e por uma dúzia de agentes policiais. Mas afirmaram, pouco depois, que recusavam as casas que a autarquia indicava para o seu realojamento provisório, considerando que ficavam demasiado longe de Vila Franca e não tinham as condições necessárias. Chegaram mesmo a equacionar a possibilidade de se concentrarem à porta da Câmara, mas foram, entretanto, informadas de uma nova reunião com Maria da Luz Rosinha. Durante a tarde ainda lhes foram sugeridas habitações sociais de Povos, que estavam, afinal, já ocupadas e mantém contactos com os responsáveis camarários para tentarem encontrar uma solução de realojamento. Ao final da tarde Maria da Luz Rosinha adiantou que as famílias não aceitavam as casas que a Câmara estava em condições de ceder e que a autarquia iria ainda tentar um entendimento com os advogados dos moradores.
De manhã, depois de tentarem, sem êxito, comunicar com os moradores, os funcionários da autarquia acabaram por ter que recorrer a pés-de-cabra para arrombarem a porta principal do prédio. A operação revelou-se mais difícil do que se esperava, porque a porta estava reforçada com três placas metálicas aparafusadas no interior.
Já dentro do edifício, funcionários e agentes policiais abordaram os moradores dos 2º., 3º. e 6º. pisos que ainda permaneciam no local. Maria Antonieta Barros vivia desde 1994 no 6º. andar esquerdo. Ultimamente com a filha e netos, o agregado integra sete pessoas e Maria Antonieta disse, ao Voz Ribatejana, que as alternativas (Alverca, Castanheira e Póvoa) inicialmente propostas pela Câmara não correspondiam minimamente às necessidades da sua família. “Vamos pedir que nos respeitem e que concertem os estragos, porque a câmara é que criou este conflito todo. Foi a Câmara que passou as licenças de habitação e o talude que está a ceder é responsabilidade da Câmara. Só exigimos que corrijam o que não fizeram bem”, prossegue Maria Antonieta, frisando que desde Outubro que os moradores pedem à Câmara que lhes entregue um documento onde assuma quando é que saem, o que é que vai ser feito nos prédios e quando é que regressam.
Recorde-se que esta acção camarária é justificada pela instabilidade do prédio vizinho (lote 2, desocupado há nos), que, segundo o LNEC, pode ruir, devido à fragilidade das suas fundações.
 
Saiba mais na edição de 30 de Janeiro do Voz Ribatejana

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